Úlceras e feridas que não cicatrizam.
Este é um assunto muito interessante na medida que são muito frequentes as consultas de pacientes que apresentam úlceras ou feridas que não cicatrizam.
Você sabe qual é a diferença entre uma úlcera e uma ferida da pele?
Ferida é uma perda da integridade da pele e demais tecidos através de um trauma (fonte externa) como uma faca, caco de vidro ou mesmo um bisturi (ferida operatória). Neste caso o tecido estava saudável até o momento anterior ao trauma, ou seja, a culpa não é do tecido!
No caso da úlcera é diferente. Não há trauma externo. O tecido apresenta uma baixa nutrição e oxigenação sanguínea (hipóxia) e como consequência ulcera. Em outras palavras, a culpa é do tecido!
Em feridas nas pernas e nos pés, é muito comum que o processo inicie após um pequeno ferimento como um sapato apertado ou uma topada. Quando isto ocorre num tecido com baixa nutrição a ferida ao longo dos dias se transforma numa úlcera.
Pelos conceitos fica claro que uma ferida sobre um tecido saudável não deverá apresentar dificuldades de cicatrização.
No caso das úlceras a situação é diferente, pois como vimos o tecido é que está doente por baixa nutrição. Neste caso a úlcera deverá receber os cuidados de limpeza com curativos adequados, porém se não solucionarmos a causa da má nutrição do tecido, não estaremos promovendo a cicatrização da úlcera. Lembre-se; a úlcera não é a culpada, ela é a vítima!
E quais as causas mais comuns para a baixa nutrição tecidual nos membros inferiores?
Basicamente são de dois tipos:
- Isquêmica (falta de sangue arterial, como por exemplo a que ocorre nos diabéticos, tabagistas e idosos). Estas costumam ser muito dolorosas, piorando quando o paciente deita ou eleva as pernas, e a localização quase sempre é abaixo dos tornozelos.
- Congestão venosa (insuficiência venosa crônica devido a varizes e outros problemas venosos). São pouco dolorosas, aliviam com a perna elevada e são localizadas logo acima dos tornozelos na face medial das pernas.
Para que o tratamento seja instituído, é fundamental que o correto diagnóstico seja feito!
As úlceras isquêmicas podem ser facilmente diagnosticadas através da história clínica, do aspecto da úlcera e pela ausência (ou diminuição acentuada) de pulsos no local de seu acometimento!
No caso das isquêmicas a restauração da circulação arterial deverá ser realizada através de angioplastias ou mesmo pontes de safena.
As venosas são identificadas pelas características já citadas, e pela presença de sinais e sintomas de insuficiência venosa crônica.
Neste caso a insuficiência venosa deverá ser eliminada sempre que possível através da cirurgia de varizes com o tratamento da insuficiência (quando presente) de Safenas e Perfurantes através da radiofrequência.
Após a correção dos problemas nutricionais dos tecidos a cura das úlceras deverá ocorrer sem problemas já que as verdadeiras causadoras foram eliminadas. Lembrando…