Minha Safena está doente! E agora?
Em primeiro lugar vamos falar um pouco sobre “safenas”.
As veias Safenas (sim, no plural, pois temos várias) são veias que fazem parte do sistema venoso superficial. Ou seja, ficam localizadas logo abaixo da pele. Comumente temos duas delas em cada perna – a Safena Magna (mais comprida) e a Safena Parva (mais curta). A Safena Magna tem origem no maléolo interno (o osso localizado na face interna do tornozelo) e por isso também pode ser chamada de Safena Interna (não confundir “interna” com “profunda”). Segue do maléolo interno até a região da virilha sempre pelo lado interno da perna e coxa.
Já a Safena Parva, nasce junto ao maléolo externo do tornozelo e por isso pode ser também chamada de Safena Externa. Esta mantém um trajeto pela face externa da perna até atrás do joelho, onde termina ao se conectar a veia Poplítea (esta do sistema profundo).
As veias do sistema superficial são menos calibrosas e eficientes dos que as do sistema profundo. Quando normais, transportam uma parcela pequena do retorno venoso dos membros (cerca de 10%).
Então por que as safenas são tão “famosas” para as pontes de safenas?
A resposta é exatamente por serem do sistema superficial, sendo assim, fáceis de serem retiradas e por terem pouca importância no retorno venoso.
Observe-se que até agora estou falando de safenas com funcionamento normal.
E as “anormais”?
As principais alterações no funcionamento das veias são:
- insuficiência
- dilatação
- trombose
- Na insuficiência, ocorre um mau funcionamento nas válvulas venosas fazendo com que o sangue não retorne de maneira adequada pela veia comprometida. Neste caso o sangue flui literalmente na “contramão” pela veia doente.
- A dilatação, como o nome sugere, é quando a parede da veia fica enfraquecida e dilatada, sendo muitas vezes ocasionadas pela insuficiência das válvulas.
- A trombose é a formação de trombos (coágulos) dentro das veias.
Revisado estes conceitos, podemos responder a pergunta inicial: minha Safena está doente. E agora?
Muito simples, a primeira questão é saber se a insuficiência está provocando alguns sinais (varizes, por exemplo) ou sintomas (cansaço, inchaço nas pernas). De modo geral, a indicação de tratar as insuficiências estão relacionadas a presença de sinais e sintomas atribuíveis a sua presença.
A segunda questão é entender que a insuficiência e a dilatação venosa que gera sinais e sintomas é quase sempre irreversível (excluindo-se gestações, obesidades, e outras raras situações nas quais a causa pode ser revertida).
Por fim, é fundamental que o paciente entenda que não há sentido em permanecer com uma(s) veia doente, de situação progressiva (que irá piorar ao longo do tempo) que está prejudicando o retorno venoso das pernas, causando sinais e sintomas que também piorarão ao passar dos anos.
Também não há lógica em querer preservar uma safena doente para uma futura utilização numa “ponte de safena” a qual poderá nunca ocorrer e se por ventura acontecer, certamente não irá utilizar justamente a veia Safena doente (lembrando que temos duas em cada perna).
Espero ter ajudado a esclarecer um pouco mais sobre este assunto. Lembro que a palavra final deve ser dada pelo seu médico, um especialista na área.