Espuma no tratamento de varizes!

Espuma no tratamento de varizes

Tratamento de varizes por espuma é assunto recorrente na mídia e fonte de frequente questionamento no consultório. Então vamos falar um pouco sobre esta técnica.

O que é uma espuma?

Espuma, nada mais é do que uma certa quantidade de líquido misturado com um gás.

Como se obtém a espuma?

Existem várias maneiras de obtê-la, sendo as mais comuns a mistura de um líquido esclerosante com propriedades tensoativas (capaz de gerar bolhas ou microbolhas), geralmente o Polidocanol, com o ar ambiente ou com o gás carbônico. A mistura é obtida colocando-se o líquido esclerosante numa seringa conectada a outra seringa através duma conexão de duas ou três vias. Na seringa com o líquido, ou na outra conectada, aspira-se uma quantidade de ar ou CO2 e inicia-se um processo de vai e vem entre as seringas. O líquido mistura-se com o gás obtendo-se a espuma.

Quais as vantagens de se utilizar espuma para tratar varizes?

Ao se injetar um líquido esclerosante (que seca) sob a forma de espuma obtém-se as seguintes vantagens:

  1. A espuma é mais viscosa que o líquido normalmente utilizado para escleroterapia e por este motivo permanece mais tempo dentro dos vasos após sua injeção.
  2. A espuma tem mais volume e por esta razão expulsa o sangue de dentro do vaso a ser tratado entrando em contato com toda a circunferência do mesmo.
  3. Devido as características citadas acima, a espuma potencializa o efeito esclerosante do líquido utilizado.

Quais as desvantagens de se utilizar espuma para tratar varizes?

Nem tudo é perfeito…

Do ponto de vista teórico, deve-se ter muito cuidado ao injetar algum tipo de gás, que não seja o carbônico, na corrente sanguínea. Dependendo do volume o gás poderá interferir no funcionamento de outros órgãos e tecidos antes de ser expelido pelos pulmões. Existem relatos de alterações no sistema nervoso central e é frequente a visualização (através de ultrassom) de gás dentro do coração por alguns minutos após a injeção de volumes maiores de espumas. Quando a espuma é confeccionada com gás carbônico estes efeitos colaterais praticamente não existem, pois este gás é extremamente difusível, sendo prontamente expelido pelos pulmões tão logo seja injetado.

Outra complicação potencial, quando se utiliza concentrações mais elevadas e volumes maiores dos líquidos esclerosantes, é a espuma penetrar em veias profundas podendo acarretar tromboses venosas profundas e potencialmente embolia pulmonar (quando um trombo venoso se desloca para o pulmão).

Quando o tratamento é utilizado para eliminar veias safenas doentes, o índice de insucesso e recorrência é o maior entre as técnicas disponíveis (convencional, laser e radiofrequência).

Finalmente, quando a espuma é utilizada para tratar veias maiores (varizes reticulares, varizes e safenas) pode ocorrer a pigmentação da pele no trajeto das veias tratadas. Esta pigmentação pode ser temporária ou permanente.

Finalmente, como em qualquer método esclerosante, pode ocorrer ulceração da pele no local tratado (mais uma vez ressalta-se a importância que estes procedimentos sejam realizados por especialistas qualificados).

Quando está indicado?

Vou dividir as indicações por tipos de varizes.

  1. Microvarizes (vasinhos com até 1 mm de diâmetro): a utilização de espuma tem ótimo resultado assim como a escleroterapia convencional.
  2. Veias reticulares (vasinhos de 1 até 3 mm de diâmetro): ótimos resultados com espuma, porém é frequente a necessidade de punção nos vasos tratados (drenando o sangue retido dentro deles) para evitar manchas.
  3. Varizes (veias tortuosas com mais de 3 mm de diâmetro): indicado principalmente em situações avançadas nas quais o resultado funcional é mais importante que o estético, devido aos elevados índices de manchas.
  4. Safenas insuficientes: assim como no item anterior, está mais indicada quando o resultado funcional for mais importante que o estético, devido as manchas e recidivas.
  5. Úlceras varicosas: a espuma nestas situações pode ser uma arma poderosa no auxílio da cicatrização da úlcera ao eliminar-se a ou as varizes responsáveis pela ulceração. Novamente, nestas situações, procura-se muito mais o resultado funcional do que o estético.

Assim, como qualquer tratamento em medicina, não existe nada milagroso. Cada opção terapêutica tem suas indicações, limitações e complicações. Cabe ao Profissional (com “P” maiúsculo) qualificado oferecer as melhores escolhas em caráter individualizado que melhor atendam as necessidades do seu paciente naquele momento.

Ficou esclarecido?

Deixe um comentário